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A SAGA DO JOGO DE BOTÃO AO FUTEBOL DE MESA

Por Antônio Carlos Pimentel/Vidigal


I – INTRODUÇÃO:


Neste artigo pretendo fazer uma viagem no tempo para relembrar a história do Futebol de Mesa e/ou Jogo de Botão como conhecíamos na nossa infância. Não sou conhecedor profundo como meu Mestre José Ricardo Caldas e Almeida, mas amo esse esporte que abracei com toda dedicação e carinho e onde passo os melhores momentos de lazer ao lado de amigos que posso afirmar que são minha segunda família. O importante e gratificante do nosso movimento, não é só limpar o time, jogar e depois colocar a maleta debaixo dos braços ou pendurar nos ombros e ir para casa. Na verdade, esses são os dois (2) tempos de jogo, mas a gente se sente tão bem juntos de nossos pares que automaticamente saímos para um bar para a nossa Resenha, jogar conversa fora, degustar uns tira gosto, molhar a palavra e contar as nossas vantagens como pescador que volta da pescaria com o cesto carregado de peixes, esquecendo-se às vezes de tirar a etiqueta do mercado onde comprou... Esse é o nosso 3º Tempo...


Assim somos nós, pobres mortais que, graças à Deus tivemos uma infância feliz: jogando bola de gude, correndo atrás de pipas, jogando peladas nas ruas ou em campinhos improvisados, brincando de pique esconde, casamento japonês, amigo oculto, colecionando figurinhas dos nossos ídolos, jogando bafo-bafo e graças à Papai do Céu, preparando botões de casca de coco, raspando no chão, tampas de relógios, botões das casacas de nossos avós e enchendo as caixas de fósforos de pedras, pregos ou chumbos para que nossos goleiros ficassem firme debaixo das traves confeccionadas com arames e costuradas com as meias de nossas tias... Isso sem contar nossos joelhos ralados e marcados pelo chão, onde imaginávamos ser os nossos campos do time do coração: São Januário, General Severiano, Gávea, Laranjeiras, Moça Bonita, Conselheiro Galvão, Maracanã; Pacaembu, Parque São Jorge, Portuguesa, Vila Belmiro, Morumbi, Palmeiras e outros tantos cariocas e paulistas que não lembro o nome...


Hoje, olhando pela janela do nosso passado, percebo o quanto fomos felizes, unidos e sem problemas com outras mazelas que pudessem nos corromper. Havia dificuldades, sim, mas o prazer de jogar botão era nossa alegria. Hoje, descortinando a janela do nosso presente, nós adultos e alguns na “Melhor Idade”, como eu, percebemos como é gostoso praticar nosso esporte e ter o privilégio de fazê-lo em mesas TOP, times modelados ao nosso gosto feito com material de ótima qualidade por artesãos feras e guardados com carinho em malas e estojos acolchoados e/ou aveludados... Réplicas das nossas caixas de papelão ou caixas de Goiabas e/ou Queijo Catupiry, onde guardávamos nossos times de outrora...


Infelizmente ou felizmente, cabe a cada um de nós amantes desse esporte/lazer, torcer para que os garotos e jovens do século XXI deem uma pausa nos seus computadores e celulares e se interessassem em fazer parte do nosso grupo. Poucos chegam, pois a diversidade das atenções estão ligadas à tecnologia, cada dia mais rápida e engolindo a criatividade e romantismo do nosso lazer, por jogos eletrônicos. Mas, enquanto isso não acontece e quando acontece são morosas e bem vindas, continuamos, graças à Deus, com nossos abdomens encostados nas mesas, desgastando os tecidos de nossas camisas, jogando com amor, vibrando com os gols bonitos marcados pelos nossos craques retangulares ou sofrendo com os gols sofridos, erguendo troféus ou servindo como mestre de cerimônia entregando aos mais afortunados... Esse é nosso esporte. O esporte que amo e escolhi como lazer...


II – ONDE E COMO COMEÇOU O FUTEBOL DE BOTÃO OU FUTEBOL DE MESA?


Como frisei no começo deste nosso artigo, dedicado a todos colegas técnicos/botonistas, não sou profundo conhecedor do criador de nosso esporte e tampouco sei de fato quem foram os caras que tiveram a feliz ideia de criar a 3 TOQUES, pois embora tire o chapéu para as outras regras: 12 TOQUES, DADINHO e outras tantas que existam e outras que possam surgir, a 3 TOQUES por todas as suas nuances e dificuldades, seja para mim a mais interessante, parecendo-se muito com as Regras do Futebol de campo: impedimento, lateral, faltas, bola redonda bem elaborada – aliás objeto de muita troca e discussão ao longo dos anos – mas sempre procurando o melhor e a quase perfeição para o desenvolvimento de nossas partidas. Este é o barato da nossa regra! Imitar em dimensões menores o futebol, paixão do povo brasileiro.


III – RESUMO DA MINHA HISTORIA NO JOGO DE BOTÕES:


Comecei a jogar botão ainda na minha infância, incentivado pelos meus irmãos mais velhos. Do aprendizado ao costume (aficionado) ou “Fominha”, jogava quase todos dias intermediando com outras atividades da minha infância. Aprendi a confeccionar meus botões, colando-os com piche, pois na época não tinha grana para comprar cola-tudo e os goleiros de caixa de fósforos bem nutridos com objetos pesados para mantê-lo firme debaixo das traves, como mencionei anteriormente.


Jogávamos, de preferência na parte da tarde quando retornávamos da escola ou à noite enquanto nossos pais e irmãos assistiam novelas na televisão com tela preto e branco. Os campos de cada um era determinado em espaços escolhidos em suas residências, como por exemplo: chão da sala de cimento demarcado por carvão ou lápis, taco de Paviflex e/ou cerâmica. As bolas, geralmente de papel de cigarro amassado, bola de colar das nossas tias e primas e tinha uma frutinha preta, bem redonda e leve que chamávamos de “pó de mico”, por se parecer com os olhos dos macaquinhos mico que habitavam nosso ambiente.


Nossa Regra Oficial na época, era o “leva leva”, ou seja, enquanto você tocasse na bola era ela sua e só podia chutar depois de passar do meio de campo. Se errasse o toque, a posse passava a ser do seu adversário. Hoje, a regra atual que se parece com essa que praticávamos, é a 12 Toques. Elaborávamos e disputávamos Campeonatos e torneios no bairro e nos bairros vizinhos. Assim seguimos da infância, pré-adolescência, adolescência até a fase adulta quando outras atividades despertaram a nossa curiosidade a procurar lazer e esporte próprios e normais para nossa nova fase da vida. Mas, com tudo isso, mesmo na fase adulta, muitas vezes debruçávamos ao chão ou de joelhos para bater uma bolinha, matar as saudades e voltar a nossa infância.


Depois que casei e mudei para Brasília, trouxe comigo meus dois últimos times de botão confeccionados e preparados com minha criatividade e carinho. O tempo foi passando e os estudos, faculdades, futebol, trabalho e viagem fez com que eu deixasse no fundo do armário os meus craques do passado representando o Vasco da Gama da época. Meu time dos anos 60, era: Miguel: Paulinho e Beline; Écio, Orlando e Eberval; Sabará, Almir, Delém, Roberto Pinto e Pinga, time super-super campeão do Campeonato Carioca de 1958. Meu artilheiro predileto e batedor de faltas era o número 9, Delém. Em tempo: os números eram retirados das folhas de jornais e colados em cima dos botões/jogadores. As tabelas eram elaboradas em nossos cadernos de escola para trocar experiências com os colegas ou marcar jogos amistosos. Existia, neste intercâmbio, também, a troca de botões, palhetas e o comércio das balizas confeccionadas pelos mais hábeis. Tempo depois, os mais afortunados recebiam de seus pais ou padrinhos de presente uma mesa oficial... Era um luxo! Quando alguém tirava a gente do chão e colocava de pé diante daquela maravilha...

IV – A DESCOBERTA DA 3 TOQUES E O RETORNO:


O tempo foi passando e às vezes nos papos com os amigos sempre relembrávamos esta época de nossas vidas, pois a maioria tinha praticado nosso esporte/brincadeira/lazer. Vez ou outra, mexendo no armário manuseava meu time, mas nunca oportunizando a vontade de retornar por falta de tempo ou por escassez de pessoas que curtisse o jogo de botão como eu e meus irmãos e amigos.


Certo dia, não me recordo precisamente a data, mas no mês de fevereiro de 1982, meu amigo e compadre Carlos Gilberto me liga no trabalho e me conta que tinha visto no jornal, também não me recordo se era Correio Braziliense, Jornal de Brasília ou Jornal de Sports – (essa dúvida José Ricardo pode nos orientar, pois ele é a nossa Enciclopédia do Futebol de Mesa, e com certeza possui esta data), inscrições abertas para o II Torneio Aberto de Futebol de Mesa – Botão. No mesmo artigo sobre as inscrições, havia um telefone para quem tivesse curiosidade e dúvidas sobre o evento em tela. Gilberto me disse que já tinha entrado em contato com a pessoa pelo número no artigo de inscrição e havia marcado para irmos até a residência. Na noite seguinte, também não lembro a data ou dia de semana, após o jantar, orientado por Gilberto, levamos nosso time de botão. Nos encontramos no Guará II, residência do Gilberto e seguimos de carro até a Área Octogonal, residência do nosso anfitrião, José Ricardo.


Chegando em nosso destino, apreensivo e saudosos por ter a oportunidade, depois de longos anos, encontrar alguém que nos conduzisse à nossa infância e nos oportunizasse a alegria de praticar o jogo de botão. Depois de soarmos a campainha do apartamento, atendeu-nos na porta um jovem claro, de óculos, cabelos bem tratados, de boa aparência, extremamente simpático e educado. Após as apresentações de praxe, adentramos ao seu lar e em seguida apresentou-nos sua simpática esposa. Trocamos algumas palavras, sempre intermediada por Gilberto, o mais empolgado e falastrão e sem mais delonga, ele conduziu-nos a um quarto onde estava armada a mesa de botão. A princípio nos assustamos com as dimensões, mais se parecendo uma mesa de tênis de mesa, tendo em vista que estávamos acostumados à jogar em campos pequenos, chão de piso ou “Estrelão”. Nos surpreendemos, ainda, com o tamanho das balizas e de seus botões: bonitos, grandes, aproximadamente 6cm de circunferência. Ainda assim, nosso anfitrião, deixou-nos a vontade para jogarmos com nossos times que, diante dos deles, pareciam mais botões de colarinho de camisa. Entretanto, empolgados (fominhas) e deslumbrados com tudo diante dos nossos olhos aceitamos o convite para partidas e orientações sobre a regra.


Carlos Gilberto foi o primeiro a jogar, mas antes, nosso anfitrião explicou-nos tópicos importantes da regra e que no decorrer da partida ele iria nos orientando e tirando dúvidas. Disse, ainda, que, quando ele estivesse jogando e explicando, não facilitaria, ou seja, deixando a gente fazer gols para agradar. No começo achei um tanto quanto exagero achando que ele iria nos fazer de “pato”, mas logo percebemos que era uma estratégia para a gente aprender e assimilar suas explicações à respeito da mesma. Falou-nos, também do tempo de jogo: 25x25 e a importância da presença de um árbitro, tanto para mediar as partidas, mas também para que quando a gente estivesse imbuído dessa tarefa, observasse e assimilássemos as nuances da regra com os mais antigos e experientes.


E assim foi aquela agradável noite da nossa introdução na nova regra do jogo de botão, digo, Futebol de Mesa Regra 3 Toques... Entre palhetadas, goles de cerveja e chocolates – sim porque a cada partida com ele, além de cerveja, tomamos várias goleadas (chocolate) – que ficamos um tanto quanto desnorteado. Mas, nosso anfitrião, teve a elegância e persuasão para nos acalmar e incentivar e com o tempo a gente iria aprender e gostar daquela nova fórmula de praticar a nossa paixão de infância. Após esta noite agradável, saímos com a certeza de que também iríamos gostar e estávamos intensamente felizes por retornar ao nosso esporte de criança...


V – PARTICIPAÇÃO NO II TORNEIO ABERTO DE FUTEBOL DE MESA DE BRASÍLIA – REGRA 3 TOQUES E A TRAJETÓRIA NO MOVIMENTO:


01 – ESTREIA NA REGRA 3 TOQUES:


Após nossa visita e orientações do nosso amigo José Ricardo, realizamos nossas inscrições e no sábado, na semana seguinte, estávamos eu, Gilberto e nosso amigo Álvaro Voltaire, colegas dos Correios e Telégrafos, presentes na UDF – Universidade do Distrito Federal para participarmos do II TORNEIO ABERTO. Como não possuíamos, ainda, os botões no modelo dos outros participantes, jogamos com os nossos antigos nessa rodada de abertura e apesar de nossas habilidades adquiridas ao longo dos anos, tivemos um pouco de dificuldades, dentro em vista que os demais participantes jogaram com times emprestados por botonistas que já jogavam na regra. Porém, apesar de tudo isso, logramos resultados razoáveis.


O2 – A STILOPLASTIC E NOSSOS PRIMEIROS TIMES DA REGRA:


Durante a participação nessa primeira rodada de abertura, conhecemos nossos adversários e travamos informações e conhecimentos outros sobre o movimento: Roberval de Paula e Nilton Lopes de Taguatinga e Mauro Moura do Plano Piloto, que além de adversários foram as pessoas que nos apoiaram sobremaneira. Roberval, assim como Nilton já tinham times do modelo da regra confeccionados em uma Empresa em Taguatinga, a STILOPLASTIC e foi ele quem nos levou nesta loja e lá encomendamos nossos primeiros times da regra. Meu time, escolhido e batizado com o nome do meu bairro de origem no Rio de Janeiro, Vidigal, nas cores branca, preta e verde. Tenho este time guardado até hoje e que leva a escalação do nosso time Mocidade do Vidigal, onde começamos jogando futebol de praia e depois passamos para o campo e também salão. A escalação de 01 a 13, titulares e reservas, pela ordem: Piriquito, César, Beto, Mirim, Poloca, Jaci, Geraldo, Dingo, Tael, Paulada e Lilico (eu-Pimentel). Na reserva meus dois irmãos: Gugu e Peu.


Meus companheiros, Gilberto e Álvaro Voltaire, também fizeram seus times. Gilberto com seu time amarelo e preto, States, em homenagem a um time de Basquete em que ele jogou no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, e Álvaro com o Derrota Certa, nas cores branca e vermelha em lembrança ao time do seu bairro, Bangu, também no Rio de Janeiro. Com novas ferramentas (times) em nossas mãos, o nosso desempenho ganhou um pouco de qualidade e nas rodadas seguintes, tivemos a oportunidade de realizar bons jogos e lograr posições significativas nessa competição. Cheguei à semifinal e fui superado por Mauro Moura que perdeu a final para Roberval de Paula.


03 – NOSSAS ANDANÇAS PELA CAPITAL:


Após a nossa participação no II Torneio Aberto de Futebol de Mesa de Brasília, fomos convidados a conhecer locais, clubes e adeptos praticantes daquela nova modalidade de Futebol de Mesa que se abria em nosso horizonte. E, daí, abrimos nosso leque de conhecimento e aprendizado na regra levando muitas goleadas, mas tentando assimilar o máximo possível. Jogamos em Sobradinho, no Clube Leãozinho, onde conhecemos nossos colegas: Paulo Nader, Jan e Ésio (já falecidos), Jean irmão do Jan, Santiago, Teco, Luís Gomes, entre outros; na UDF, José Ricardo, Toninho, João Rezende (falecido); no ALFA, Álvaro Azevedo, seu filho Fernando, Álvaro Sampaio, Sérgio Motta, Paulo César, entre outros; no CEUB, Sérgio Neto e Libório (falecidos), Cícero, Callaça, Marcelo Bonfim, entre outros. Tempos depois, já com um pouco mais de experiência, tivemos o privilégio e o prazer de conhecer um dos maiores técnico/botonista do movimento e com ele jogar e aprender: Walter Morgado(falecido) e seu filho Antônio.


04 – NASCE A AGFM – Associação Guará de Futebol de Mesa:


Após a nossa introdução no Movimento da Regra 3 Toques, passamos a disputar vários torneios e campeonatos com o pessoal do movimento e concomitantemente, um grupo de colegas dos Correios e Telégrafos, assim como eu, Gilberto e Álvaro Voltaire, se interessaram em participar do Grupo, entre eles Adinalino, Nilton Lopes, Cardoso, Enedino, Ivan Carnaval, Porto e seu filho Armando, Antônio Carlos Batista, entre outros. Com auxílio do nosso colega José Carlos Libório (falecido), que na época jogava na AABB, ganhamos uma mesa que foi instalada no apartamento do nosso colega Adinalino, que era solteiro e amante do nosso esporte. Ali começamos a disputar amistosos e alguns torneios, mas como o grupo estava aumentando, alugamos uma sala na QE-04 do Guará e lá fundamos a AGFM – Associação Guará de Futebol de Mesa.


05 – PRIMEIRO CAMPEONATO INTERNO DA AGFM:


Com apoio de nossos colegas Álvaro Sampaio (falecido) e Roberval realizamos o I Campeonato Interno da AGFM que contou ainda com as presenças dos seguintes colegas: Álvaro Lobo, Álvaro Voltaire, Cardosinho e Enedino (falecidos); e Adinalino, Antônio Carlos Batista, Armando, Gilberto, Jefferson, Júnior, Pimentel e Porto. Uma semana antes, exatamente no dia 22/5/1983, realizamos nosso Torneio Início denominado Troféu Daniel Cardoso, oferecido pelo nosso colega Cardosinho, em homenagem ao aniversário de seu filho. Este torneio fui o Campeão, conquistando dessa forma, o primeiro troféu dentro da nossa extinta associação. Logo em seguida iniciamos o nosso I Campeonato Interno com todos jogando entre si em turno e returno e este campeonato foi vencido pelo nosso colega Roberval. Após o sucesso do nosso primeiro interno, ao longo de mais 5 anos, a AGFM seguiu sua trajetória e no campeonato seguinte de 1984 e 1985, respectivamente, com meu Vidigal, conquistei os dois internos. Devido as mudanças e transferências de alguns para seus respectivos Estados de origem e desistências de alguns, tivemos a infelicidade de fechar a sala/espaço e encerrar nossas atividades.


06 – PERSISTÊNCIA, ABNEGAÇÃO E AMOR:


Encerradas as atividades da AGFM – Associação Guará de Futebol de Mesa e concomitantemente do nosso Informativo O Garoto do Placar, apenas eu e nosso amigo Roberval continuamos nossa trajetória no movimento, participando, inclusive, de diversos eventos na capital e andanças pelo Brasil, disputando Campeonato Brasileiro de Equipe, Individual, outros eventos do Calendário Nacional e Torneios particulares a convite de amigos.


Hoje, como já frisei anteriormente, sigo praticando esse lazer e não obstante o prazer, amor e a alegria por fazê-lo, agradeço a Papai do Céu a dádiva de fazer parte de um grupo que considero como uma família, tanto em Brasília como no restante do Brasil, onde passo parte do meu tempo desfrutando de um ambiente sadio e revivendo com prazer minha infância e adolescência, com o privilégio de não ter a necessidade de ficar ajoelhado no chão e o desfrutar do conforto de nossas mesas. A GOL!!


07 – A VIAGEM DE VOLTA...


Depois de todo este histórico da minha vivência no Futebol de Mesa – Regra 3 Toques, imaginei uma Viagem do Passado ao Presente, tendo como ponto de partida/embarque, retornando a minha terra Natal e ao meu bairro de Origem, Vidigal, e chegando à Brasília para jogar botão e/ou Futebol de Mesa. Os personagens que aparecem em negrito nessa estória, são homenagens aos meus parceiros desse esporte que nos transporta no tempo. Caso alguns não apareçam como Personagens, não será por esquecimento, pois tenho um carinho, apreço, consideração e gratidão a todos, apenas por questão de curiosidades nos nomes.


Dizem que o homem foi feito de Barros, eu particularmente não acredito, pois se assim fosse, nossos atletas(botões) não conseguiriam ser movimentados e na primeira palhetada se esfolariam e virariam pó em cima da mesa... Já pensou, que trabalheira?


Antes de embarcar do Vidigal para Brasília, fui consultar ao Mestre qual meio de transportes seria mais viável para a minha viagem. Ele disse que, tendo em vista Brasília, apesar de ter um lago bonito e extenso, não possuir Porto para desembarque e como a passagem de avião estava muito cara e eu ter medo de andar de Motto, o mais viável era vir de carro. E assim o fiz... Antes de pegar a estrada fiz uma revisão, calibrei os pneus, enchi o tanque e taca-lhe pau!


Coloco o carro na estrada e após andar alguns quilômetros, por descuido passo em cima de um pedaço de Madeira e escuto um barulho: Stumph!!! Que bosta! Paro em um posto adiante para trocar o pneu e enquanto o borracheiro executa o serviço vou até o bar tomar um café e olha o que acontece! Hoje não é o meu dia de sorte, putz! A garçonete distraída enche a xícara e o café entorna no Pires...


Pelo jeito se não tiver paciência terei que enfrentar um percurso Magno e Dias difíceis na estrada. Mas se mantiver uma velocidade Constâncio e dirigir com Simplicidade chegarei tranquilamente ao meu destino... Pena que não tenha nem um amigo e Parente para me fazer companhia, mas sigo com Deus ao meu lado... Para descontrair e não dormir no volante, aciono o som e sigo curtindo música clássica na voz afinada do grande Tenor italiano Caruso... Ao primeiro cansaço, paro debaixo da sombra de uma Filgueira para descansar...


Após vencer alguns quilômetros, parada para o almoço em um restaurante à beira da estrada. Estaciono o carro, entro, sento e a garçonete vem me atender. Pergunto seu nome e ela responde: Lara... Mas se eu quiser, também, uma de suas colegas pode atender-me: Fafá, De Paula ou Dinoá. Respondo que tanto faz e ela me apresenta o cardápio... Depois de examiná-lo minuciosamente, escolho o prato especial da casa: Feijoada com pouca Pimenta e como sobremesa um pudim com bastante Caldas... Enquanto aguardo o almoço, mato as saudades ouvindo no som ambiente o grande músico Moreira da Silva e seu inconfundível samba de breque... Espero que a estrada esteja livre e não fechada ... E também que as cancelas dos pedágios estejam com as taxas razoáveis, pois tenho que economizar para custear as inscrições nos torneios e eventos que me esperam.


Sigo viagem tranquilo e solitário, embora bem acompanhado de Deus e músicas clássicas... Vez por outra, penso na alegria de estar indo encontrar amigos do futebol de mesa e esse esporte me faz bem... Pena que meu filho não curte e prefere futebol. Mas, quem sabe um dia, João Vitor, meu Neto, vá herdar esse meu gosto e paixão pelo Futebol de Mesa? ... Apesar de Morgado num sono, sigo viagem, mas quilômetros depois, na entrada de Belo Horizonte, a estrada está interditada/fechada: caiu a Lage de um prédio e tive que pegar um desvio com estrada de chão, mas fazer o quê? Bola pra frente!


Em Belo Horizonte abraço amigos queridos: Wander, Paulo Sérgio, Wendel, Agnaldo, Carlos Antônio e toda mineirada simpática e amiga. A gente, antes de colocar os times, relembramos com saudades e carinho os amigos que se foram: Winter, incentivador do futebol de mesa em Juiz de Fora; Benjamin, Pepê, Josué, Copacabana, Bruno, Miguelzinho e no almoço de confraternização pedimos carne de Baleia, para matar as saudades de uma Bichona que deixou a turma de Belo Horizonte.


Sigo viagem tranquilo e agora em companhia de uma Aranha que desliza elegantemente sob o para-brisa do meu carro... Antes de chegar em Brasília, paro na Cidade Ocidental para bater uma bola com a turma: Paulo Airton, Aécio, André, Júnior, Didi, Marquinhos, Pança, Márcio, Reginaldo, e lamento a ausência de outros que por motivos outros não puderam comparecer...


Ligo para o Paulão para saber com quem será o meu primeiro jogo, ele olha a tabela e responde:- Você joga com Marcelo! Fico na dúvida e pergunto: Qual? Bonfim, Izalci, Porto, Silva ou Vasquez? Ele meio confuso responde: "Com um que não é Vasqueino, mas joga quase todos os dias em todas as regras. Minha dúvida persiste, daí então ligo para Jean, Luciano e Léo, mas eles não atendem... Acelero o carro para não me atrasar e perder por WO e sigo minha viagem.


Chego em casa, no Guará, recebo abraços saudosos de minha esposa e incentivadora Luci; tomo um banho para refrescar o corpo, coloco minha camisa já um pouco surrada da ACAFUMA, pego minha maleta e sigo ao encontro da rapaziada na AABB.


Lá encontro toda turma animada: PC limpando o time, Zé e Alcides no computador, Rodrigo preocupado com o jogo do Galo, Amauri saudando a turma com seu vozeirão, Toninho testando a mesa, Porto anotando no caderninho, cabelo, Digão contando piadas, Adolpho, Tarcísio e Walacy do lado de fora fumando e, se não bastasse, para completar o clima, Jan saboreando e servindo café enquanto a gente espera a chegada do Farneze e o intervalo para o almoço da Tia Maura, pois temos que se se alimentar e, com certeza, terá muito açafrão e agrião.. A GOL RAPAZIADA!! SEJAM TODOS BEM-VINDOS A UM LOCAL EM QUE TODOS TÊM O PRIVILÉGIO DE VOLTAR A SER CRIANÇA E SE DIVERTIR...



GLOSSÁRIO:

PERSONAGENS DA HISTORIA:

PELA ORDEM:


1 – Barros (Rodrigo Galo Doido), 2- Mestre (Bruno Mestre), 3- Porto (Marcelo Porto), 4- Motto (Sérgio, Ricardo e Marcelo), 5- Madeira (Henrique), 6 – Shumph (Leo), 7 – Pires, 8 – Magno, 9 - Dias (Jorge, William e Wellington), 9 – Constâncio, 10 – Pena (Rafael), 11 – Caruso (Paulo, Lu, Digão e Léo), 12- Lara (Amauri), 13 – Fafá (Farneze), 14- De Paula (Roberval), 15 – Dinoá ((Tarcísio), 16 - Pimenta (Pimentel), 17 – Caldas (Zé Ricardo, Toninho e Edu), 18 – Moreira (William), 19- Neto (Saudoso Sérgio Neto), 20 – Morgado (nosso Mestre Walter) e 21 – Lage (nosso amigão), 22 – Aranha, 23 - Os demais; figuras importantes do nosso movimento porque ninguém 24 - FARIAS (Paulo César) nada sozinho...





Antônio Carlos Pimentel é um dos botonista mais experientes em atividade e é praticante da modalidade 3 Toques desde 1982. Atualmente, participa de campeonatos em todo o Brasil e joga pela equipe do Ocidental (DF).

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